- Spoiler:
“Já fazia muito tempo que eu havia deixado meu lar, minha cidade, minha família, tudo tinha ficado para trás por causa do dever, mas eu finalmente estou retornando, depois de tanto tempo, vendo as mortes, as atrocidades e as feridas deixadas para sempre pelas pessoas queridas; Foram longos meses de viagem que finalmente estão chegando ao fim, pois falta pouco para eu chegar ao lar, rever minha mulher e esperar ansioso pelo nascimento de meu filho. A noite hoje está muito serena, mas eu não consigo dormir, pois a toda vez que fecho os olhos eu os vejo, criaturas horrendas cometendo atrocidades contra todos que eu conheço, e eu não posso fazer nada para salvar-los, nem mesmo minha própria mulher. Espero que amanhã esses pesadelos finalmente cessem, quando eu finalmente voltar...”
Passei quase a noite inteira em claro, com medo de meus pesadelos, mas finalmente a manhã chegou; Os raios de sol irradiavam pela copa das arvores, iluminando o dia pelo qual eu tanto esperara; Não havia muito para o café da manhã, apenas duas maçãs e três pedaços de pão, mas para mim já era mais do que suficiente. Quando finalmente saí da floresta, cerca de duas horas depois de acordar, já pude ver minha cidade no horizonte, estava perto, muito perto, mas a viagem ainda ia demorar algumas horas; a beira da estrada já se podia ver muitas fazendas, e varias pessoas trabalhando freneticamente, mas todas me reconheciam e me cumprimentavam. Agora eu via que faltava muito pouco, já se podia ver o brilho do palácio da Ordem, e, com certeza todos já deveriam saber que eu estava chegando.
Os portões de ferro se abriram, e eu finalmente havia chegado; nada havia mudado durante esse tempo, as ruas ainda eram estreitas, as lojas ainda estavam lotadas com pessoas gastando tudo o que tinham em um novo “Tonico milagroso”, ou uma “poção da juventude”- coisas que elas nem sabiam se funcionariam- mas, o mais importante, minha casa ainda estava ali, do mesmo jeito que eu a havia deixado, com o telhado de madeira pontudo, e uma janela redonda no ultimo andar, que estava destinada ao meu filho; Infelizmente eu não podia parar agora, eu ainda tinha que me reportar ao Gran mestre sobre o que eu vira nos últimos meses. O Templo da ordem ficava no final da rua,e era de longe a maior e mais bonita construção da cidade: Eu sabia que todos estariam me esperando, esperançosos com boas noticias, mas, infelizmente não era isso que teriam; Quando cheguei ao palácio, tudo aconteceu do jeito que eu temia: Todos vieram ao meu encontro para conhecerem as novidades, que, infelizmente eu teria que contar.
-Derek! – Meu velho amigo Dominik veio a meu encontro para me abraçar. Que bom que você voltou, então quais as novidades do Norte?
-Péssimas Dominik...
-O que aconteceu? – Ele falou enquanto fazia um gesto ao guarda para abrir o portão.
-A Marca das trevas está na maior parte do norte.
Ele se espantou, e então me analisou por alguns instantes e deu um passo para trás.
-Não se preocupe Dom, eu não fui pego. – Levantei as mão para mostrar que eu não tinha nenhuma marca nas palmas.
Nós estávamos próximos a sala do Gran Mestre, mas eu ainda podia sentir o cheiro da cozinha, que ficava no outro lado do templo, eu tinha certeza que conhecia o cheiro, mas não pude parar e então Dominik falou aliviado.
-Ah, ainda bem, eu já estava com medo de você ter me passado essa maldita doença.
Eu apenas o olhei e disse entre risos.
-Covarde...
-Não é covardia, você sabe o que essa praga faz, você estava lá.
Abaixei a cabeça e continuei andando, eu não gostava de comentar os horrores que a doença causava as pessoas, nem as terríveis mortes agonizantes que ela proporcionava; então eu o disse.
-Obrigado por me lembrar...
-Sinto muito, por isso, mas uma hora ou outra você terá que comentar sobre isso, e, agora o Gran mestre – ele apontou para a porta a nossa frente – vai querer saber, e você terá que lhe contar todos os detalhes. Bom, mas foi bem revê-lo Derk.
-Foi bom rever-lo também Dom, mas agora tenho que ir, vejo você amanhã, Ok?
-Até Então – Ele disse enquanto se dirigia para o pátio de treinamentos.
Eu sabia que o Gran mestre com certeza iria querer um relatório sobre o que acontecia no norte, e infelizmente eu realmente teria que contar cada detalhe das atrocidades que aconteceram. A Porta se abriu, e lá estava ele, sentado em seu trono de Mármore, esperando ansioso por mim, eu não gostava de dar falsas esperanças as pessoas, principalmente para meu mestre. Ao entrar ele se levantou e disse.
-Ora, vejam só isso... Será que finalmente o grande Derek retornou de sua viagem?
Ajoelhei-me em um ato de Respeito e disse.
-É bom rever-lo senhor.
-Ora essa, vamos parar com as formalidades – ele se sentou e pois a mão no queixo – e então Derek, quais são as noticias do norte?
Abaixei a cabeça, eu até possuía certo receio de lhe contar a verdade, sabendo que ele havia perdido toda a família a nos atrás por causa da Marca, mas era necessário.
-Senhor, a Marca das Trevas está presente no norte.
Ele me olhou por alguns minutos, como se pensasse no que me diria a seguir, imaginei que ele deveria estar sofrendo por dentro, sabendo que depois de quase 20 anos a terrível doença voltara, mas fiquei surpreso com o que ele me disse a seguir.
-Ah, eu já esperava por isso... Então, algo mais interessante?
Espantei-me quando ele disse isso, “Mais interessante”, como ele podia ser tão frio quanto às pessoas que morreram, e as que agora sofriam por causa da peste, e principalmente sua mulher e seus filhos? Eu tinha que falar algo, mas tentava não desrespeitar-lo.
-Senhor, as pessoas estão morrendo, como o senhor não pode simplesmente ignorar isso e agir como se...
Ele levantou a mão e disse.
-Basta, A Marca das trevas é algo com o que não podemos lidar, então creio que você não precisa mais se preocupar com ela, isso é algo que ELES devem se importar.
-Como assim? Então o senhor acha que só porque não acharam uma cura devemos desistir e deixar que eles pereçam? Desculpe-me senhor, mas você não é a mesma pessoa que me mandou para essa viagem.
Ele se levantou rapidamente e apontou para mim, e então com uma voz irritada me falou.
-Escute bem Derek, você sabe tão bem quanto eu que não existem opções quanto à praga, e nossa única opção realmente é exterminar seus portadores.
-Você irá matar-los?
-Eu sei tanto quanto você meu filho que isso não está certo, mas, a Ordem não possui alternativas agora – ele botou a mão em meu ombro e falou – mas pelo menos iremos tirar-los desse tormento...
Afastei-me dele rapidamente, então irritado falei.
-Essa é sua escolha? Você que líder dos cavaleiros, que jurou nunca desistir perante as injustiças, vai permitir um assassinato em massa só para não precisar buscar outra solução?
-Derek, o que você me sugeriria? Em? Você consegue ver outro jeito? Prefere que eles morram em um tormento que irá acompanhá-los até além do outro lado? O único egoísmo aqui é o seu!
Virei-me e abaixei a cabeça, então disse.
-Creio que nós já terminamos então...
-Sim que seja – ele se sentou em seu trono – mas lembre se que eu estou fazendo um favor a eles, eu serei lembrado como um salvador nas mentes deles, para sempre.
Mesmo após deixar sua presença eu ainda podia ouvir as frases em minha cabeça, como o Gran mestre se tornara a uma pessoa egoísta? Se ele ficara daquele jeito com certeza algo acontecera, e eu devia tomar cuidado com isso; Finalmente estava livre para ir para casa, eu estava esperando há meses por isso, e mal conseguia segurar a alegria.
O Sol já estava se pondo no Horizonte quando cheguei em casa, minha mulher me vira pela janela, e abriu a porta antes que eu chegasse a ela; Fazia exatamente três meses que eu sairá de casa, mas foi como se eu não tivesse passado mais do que dois dias, minha amada Evelyn, veio me abraçar, seus cabelos escuros não haviam crescido muito, mas sua barriga já crescera bastante, e minha felicidade também. Ela me olhou com lagrimas nos olhos e disse.
-Eu sabia que você voltaria para mim...
-E como poderia deixá-la?
Nos nós beijamos, e então entramos, pois já estava começando a escurece; A Casa estava quase exatamente como quando eu saí em viagem três meses, os livros na prateleira estavam no mesmo local, os quadros de meus pais estavam acima da lareira, e havia sobre a mesa as cartas que eu havia mandado; Eu tinha tanto para falar, mas já estava muito escuro, e já havia chegado a hora de dormir, então nós teríamos que conversar no outro dia; Eu esperava que meus temores tivessem ficado para trás, mas nunca imaginei que novos viriam...
2º Capitulo- O Julgamento
- Spoiler:
“Os pesadelos anteriores haviam cessado, mas agora eu via outro, tão terrível quanto o primeiro, mas parecia durar uma eternidade: Eu não via mais as pessoas mortas, apenas minha amada Evelyn, com uma criança a seu lado, então de repente tudo escurece, e quando surge uma luz, a única coisa que eu vejo é uma terra desolada, com florestas em chamas, e sangue espalhado, então surge um homem vestido de preto, ao lado do corpo de minha esposa, ele me olhava com um sorriso sádico, e, eu não sabia o porquê, mas eu queria matá-lo...”
Acordei no meio da noite, ofegante e com certo pânico por causa do pesadelo, e sem querer despertei Evelyn, ela viu que algo estava errado comigo, mas eu receava em lhe contar sobre o que vira. Ela então me perguntou.
-Algo errado querido?
-Sim, eu... Estou tendo alguns pesadelos...
-Quer falar sobre eles?
-Você realmente quer saber?
-Pode me Contar – Ela agora se sentara ao meu lado.
-eu vejo vários conhecidos meus, mas eles estão mortos, todos eles, inclusive você...
-E isso tem lhe preocupado?
Eu a olhei nos olhos, e ela pode ver pela minha expressão que isso estava me atormentando, e se os pesadelos fossem visões? E se a criança que eu vira fosse meu filho, e se aquele homem realmente matasse Evelyn? O Que eu faria? Eu iria o matar ou ele escaparia? Eu tinha tantas duvidas, mas agora, ao lado de Evelyn, tudo se transformava em alegria, e as preocupações sumiam com o tempo. Ela então me abraçou e disse.
-Volte a dormir Derek, e, não se preocupe, são apenas sonhos, mas lembres se: mesmo que algo aconteça a mim, eu nunca o deixarei...
Ela realmente sabia o que fazer para tirar minha preocupação, as palavras dela tinham um toque de esperança, e era como se tudo fosse melhorar após isso. Resolvi então seguir seu conselho e voltar a dormir; Dei-lhe um beijo na testa e me deitei, esperando que o que ela disse fosse funcionar; consegui voltar a dormir, mas só após passar quase a noite inteira repetindo “Nada acontecerá, são apenas sonhos”, Mas estava confiante que o amanhã, pelo menos seria melhor.
O Sol estava brilhando muito pela manhã – ou então eu havia acordado mais tarde do que de costume – nem mesmo as cortinas seguravam a luz que invadia o quarto; somente após alguns instantes notei que havia mais pessoas no quarto, elas eram familiares, os brasões em suas armaduras indicavam que eram membros da Ordem; Então um deles deu um passo à frente e disse.
-Derek Harrison, Você está preso pelo assassinato do Gran Mestre, Joseph Thompson II, venha conosco.
Eu então fiquei confuso. Como eu estava sendo preso? E por que achavam que fui eu? Logo que estava saindo vi que Evelyn estava se levantando, então ela me olhou e disse, confusa.
-Derek, o que está acontecendo?
Notei então que havia uma faca suja de sangue ao lado de meu travesseiro; “Como aquilo Fora parar ali?” falei para mim mesmo, alguém devia ter feito isso, mas quem? Fiquei tão chocado com esse momento que não pude explicar para Evelyn o que estava acontecendo; Puxaram-me para fora de casa, e arrastaram-me pela rua inteira até chegarmos ao templo, todos me olhavam assustados, e confusos com a mancha de sangue que havia em minha camisa; Eu sabia por que estavam assustadas, eu mesmo já havia participado de um Julgamento, mas agora, eu seria o acusado...
Os olhos fitavam-me com raiva, todos na sala queriam minha cabeça, eu sabia disso, eles realmente acharam que eu haviam matado o Gran mestre; Não haviam duvidas em seus rostos, as provas apontavam para mim, e a alegação de um criminoso pouco importava para eles. A grande sala do julgamento aparentava ter diminuído desde a ultima vez que estivera ali, mas não pude prestar muita atenção pois logo chegou o Juiz, e todos ficaram de pé, mas, eu fiquei abismado quando vi quem era, não podia acreditar que Dominik era quem iria me julgar! Ele sentou-se e então falou.
-Derek Harrison, você é acusado de assassinato de um Gran mestre, o que você declara?
-Inocência, Senhor.
-Então como explica termos encontrado a Faca que matou o Gran Mestre, ao seu lado?
Eu não sabia o que responder, mas respondi a primeira coisa que se passou pela minha cabeça.
-Foi uma conspiração, Senhor.
-Não é exatamente isso que as provas nós dizem, também foi encontrado um rastro de sangue, indo do quarto do Gran mestre, a sua casa, como explica isso? Conspiração?
-Sim, senhor.
Eu ouvi conversas das outras pessoas, algumas palavras saíram bem claras para mim, “Traidor”, “assassino”, “Criminoso”. Todos tinham certeza que eu era o culpado, mas, eu sabia que Dom não achava isso, então falei.
-Permissão para me aproximar, senhor.
Ele então me olhou e disse.
-Aceita.
Aproximei-me dele, então disse baixo para os outros não ouvirem.
-O que você está fazendo Dom? Você muito bem que não fui eu que matei Joseph, então porque você está agindo como...
Ele levantou a mão e disse.
-Basta, não tolerarei faltas de respeito, agora você está falando com Gran Mestre Dominik.
O que? Dominik era o novo Gran mestre? Mas como? E por que ele agia como se eu fosse um criminoso? Algo estava acontecendo com os cavaleiros, mas eu não conseguia entender o que, então Dominik Fez um gesto aos guardas, que me botaram de novo na cadeira. Ele então disse.
-Derek Harrison, você assassinou cruelmente o Gran Mestre Joseph Thompson II, enquanto ele dormia, eu deveria condená-lo a morte por tal barbaridade contra a Ordem, mas, como Joseph era uma pessoa bondosa, creio que ele não iria querer isso, então, deixo a decisão a vocês cavaleiros.
Os Cavaleiros então se reuniram, e passaram cerca de dez minutos discutindo, então, um deles deu um passo a frente, e imediatamente o reconheci: Cabelos curtos e olhos negros como a noite, o mesmo homem que me prendera. Ele então falou.
-Decidimos que Derek não deve ser morto após tantos anos de serviço a Ordem, então resolvemos que devemos bani-lo para o Abismo negro.
-Assim será – disse Dom enquanto fazia um sinal aos guardas para me levarem.
Algum cavaleiro havia conspirado contra mim, eu sabia disso, eu nunca causaria mal a Joseph, ele agiu como um Pai para mim antes de eu entrar na Ordem; Agora, eu iria para o local mais profundo do mundo, o Abismo Negro, o local onde vão parar os mortos, e os condenados pela ordem, e, pelo que eu sabia, não seria nada bom, pois, a única pessoa que fugiu do abismo negro, foi a que trouxe a Marca das Trevas para o mundo, então já era um grande motivo para preocupações.
Fui levado até a praça da cidade, que era onde os cavaleiros baniam os criminosos e condenados para o sofrimento eterno; Havia no centro da praça uma estatua de mármore, um homem com armadura, segurando uma espada de ouro, eu conhecia a estatua, era o Juiz Supremo, aquele que foi o primeiro dos Cavaleiros, aquele que julgou o Mal, e aquele que jurou que iria manter a justiça nem que isso lhe causasse a morte. Os Cavaleiros me botara de joelhos em frente a estatua, então Dominik, chegou atrás de mim e disse.
-Agora, Pelo poder a mim investido pela Ordem dos Cavaleiros, eu Dominik, lhe condeno a passar toda a eternidade, vagando pelo abismo negro, até que sua alma desapareça, e seu nome seja esquecido por todos aqueles que o conhecem. Agora, Vá!
Ao disser essas palavras ele apontou para estatua, e uma pequena luz saiu da ponta de seu dedo, em direção a espada da Estatua; Uma enorme luz surgiu então eu fui levado para o Abismo; Eu sabia que sairia dali, de um jeito ou de outro, e quando saísse, quem havia feito isso, iria pagar...
3° Capitulo - Marcas do Passado
- Spoiler:
“Sete anos... Eu o passei sete anos preso, sem ter noticias de minha família, sem saber o que havia acontecido com eles, sem nem ver a luz do dia... Mas de algum modo eu havia fugido, ou então estava louco, mas, de qualquer modo, eu estava determinado a encontrar o culpado pela morte de meu Mestre, e pela injustiça que havia feito eu perder tantos anos...”
Havia uma luz forte, logo vi que era o sol, eu mal conseguia ver o caminho a minha frente, muito menos o local onde eu estava; não conseguia entender o que havia acontecido, em momento eu estava nas partes mais profundas do abismo e então... Então eu estava de novo na mesma floresta em que havia parado, antes de chegar em casa, mas ela estava diferente, as arvores estavam mortas, as folhas secas e havia o esqueleto de um animal próximo a mim; Podia ser um sonho, ou então eu havia enlouquecido finalmente, mas seja como fosse, eu deveria aproveitar antes que meu possível delírio passasse; Se essa fosse uma chance de rever minha esposa, e talvez meu filho, eu aproveitaria; Não estava muito longe de casa, mas era perigoso sair à noite, porem eu não conseguia parar, e segui caminho pela floresta escura. Não demorou muito e vi algo que nunca havia visto antes: Um bando de ladrões, se alimentando de carne humana; Eu jamais havia visto isso acontecer, eles estavam em volta de uma fogueira, e havia um homem preso a uma vara de madeira, enquanto os ladrões arrancavam pedaços de seu corpo; Foi uma cena assustadora de se ver, havia mais algumas pessoas em jaulas, mas todas estavam mortas, com pedaços de seus corpos faltando; Um deles então se levantou e disse.
-Parabéns irmãos! Foi um excelente saque, e temos comida por muito tempo – ele então mordeu o pedaço de um braço que ele segurava enquanto os outros o exaltavam.
Um deles então se afastou do grupo, e foi para o meio da floresta, eu o segui, então quando ele parou eu me aproximei silenciosamente, o derrubei no chão acertando a faca em sua perna, então cheguei em sua frente e disse.
-Você está sendo acusado por atos contra a Ordem dos Cavaleiros, a justiça irá decidir sua condenação... Preparasse para seu julgamento.
Então peguei meu medalhão dos cavaleiros, o segurei em sua frente, e, então a balança dele pendeu para o lado esquerdo. Eu peguei minha faca e disse.
-Culpado.
Dito isso eu lhe cortei a garganta. Não havia muito com ele, apenas alguns dobrões de prata e uma espada; peguei a espada e voltei para o acampamento, talvez algum dos prisioneiros ainda estivesse vivo. Após alguns instantes eu havia voltado para perto dos ladrões canibais, eles já estavam quase bêbados, então minha tarefa seria mais fácil; Cheguei ao lado do que estava mais próximo e acertei-lhe na perna com a espada, então outro veio ao meu encontro, virei a espada e acertei o no peito, todos que vieram tiveram seu destino trágico, então vi que dos dez homens, apenas o que eu havia acertado na perna estava vivo, ele estava se arrastando para tentar escapar, então vi que era o suposto líder deles, me aproximei dele então ele começo a gritar.
-Saia! Saia de perto de mim!
Eu peguei o medalhão e lhe apontei, então disse.
-Você, está sendo acusado, de assassinato de pessoas inocentes, canibalismo, e pilhagem. A justiça irá decidir sua condenação... Prepare se para seu julgamento...
-Você... Você é um dos cavaleiros... – Ele disse gaguejando.
A Balança então pendeu para o lado esquerdo; Abaixei o medalhão e lhe disse enquanto levantava a espada.
-Morte...
-Não... Por favor... Não!...
A Espada então desceu e sangue voou do corpo do ladrão, a justiça havia sido cumprida, e eu precisava continuar, mas antes precisava ver se havia algum sobrevivente junto aos corpos. O Cheiro dos corpos era horrível, mas eu precisava revista-los; logo ouvi murmúrios vido de corpos próximos então fui até lá; Depois de alguns cadáveres havia um homem, era um pouco mais baixo que eu com cabelos marrons; Ele se assustou e gritou quando me viu, então eu peguei pela gola da camiseta e falei.
-Quem é você?
Ele começou a gaguejar e então disse.
-E... E... Eu sou Nigel, Nigel Smith, eu vim de Alteria, ao leste daqui, fica a alguns quilômetros daqui e...
-Eu sei onde fica, eu morei lá.
Eu então o larguei e ele caiu de costas, ele rastejou um pouco para trás, então me disse.
-Você é um dos cavaleiros, não é?
-Eu era.
-Olha, eu não sei o que aconteceu com vocês, sem querer faltar o respeito mas, será que vocês enlouqueceram?!
Eu fiquei confuso quando ele disse aquilo, o que havia acontecido com os cavaleiros que ele estava tão irritado? Então lhe perguntei.
-Por que me pergunta isso?
-Olha cara, eu não fiz nada, eu era só um humilde ladr... Cobrador de impostos reais, é, isso mesmo, então uma noite eu estava voltando para casa, quando vi um dos cavaleiros entrando numa casa com uma faca suja de sangue, então no outro dia eu fui preso.
Eu não conseguia acreditar no que havia ouvido, então alguém realmente havia visto que era uma conspiração, que alguém havia posto aquela faca na minha casa; Eu estava tão irritado por Nigel ter me lembrado daquele dia, que gostaria de matá-lo, mas talvez ele fosse mais útil vivo. Então eu lhe perguntei com o medalhão em mãos.
-Você conseguiria reconhecer o cavaleiro se o visse de novo?
-Eu não vi o rosto dele, estava muito escuro e ele usava um capacete.
A Balança pendeu para o lado direito, então lhe perguntei.
-Então como você sabe que ele realmente era um cavaleiro?
-Eu vi o símbolo no Torso da armadura quando ele se virou.
A Balança permaneceu no lado direito. Então eu a guardei, o levantei e disse.
-Você virá comigo.
Ele então se espantou e me disse.
-Por quê?
-Porque se não for eu irei acusá-lo de roubo em território pertencente a Ordem dos cavaleiros.
-E se eu for com você irá reduzir minha pena?
Eu apenas o encarei por alguns instantes, então ele abaixou a cabeça; Estava muito escuro para viajar, então teríamos que passar a noite por ali mesmo, próximos aos cadáveres e os restos mortais. Após algumas horas eu ainda não conseguia dormir, pois toda vez que conseguia eu acordava com os mesmo pesadelos da noite em que fui acusado; de repente escutei um barulho, passos sobre a folhagem seca, no silencio sem fim da noite, então apenas respondi com os olhos fechados.
-Eu não faria isso se fosse você Nigel.
Houve alguns instantes de silencio e então os passos recomeçaram, então falei.
-Você vai cair em uma armadilha.
Os passos continuaram, então ouvi um barulho de uma corda sendo puxada e galhos balançando, então ouvi murmúrios; apenas respondi.
-Eu avisei...
Na manhã seguinte o Céu amanheceu escuro, sinal de que uma tempestade estava se aproximando, então teríamos que acelerar a viagem; Não havia dormido nada durante a noite, mas já havia sido o suficiente para mim, enquanto Nigel, ainda dormia pendurado dentro da rede da armadilha; eu peguei a faca e cortei a corda, ele imediatamente acordou com encontrou o chão da floresta; Ele então se levantou e disse.
-Para onde vamos?
-Para Alteria, tenho alguns problemas para resolver...
-Você disse que morava lá não é? Há quanto tempo foi isso?
-Há Sete anos...
Ele então murmurou algo como:
-Ai... Você vai ter uma surpresa quando rever a cidade
Eu me virei e disse.
-O Que?
-Nada não! Então, o que tem para o café?
-Quem falou que vai ter café?
Ele então deu um passo para trás e disse irritado.
-Olha cara, eu não como há dois dias, então eu preciso de algo urgente se não eu vou morrer de fome, está me entendendo?!
Eu me virei e disse.
-Se quiser algo, vai ter que comer o mesmo que os ladrões estavam comendo – Apontei para os corpos empilhados.
-Pensando bem, eu acho que estou meio gordo, é melhor parar de comer por um tempo – ele olhou para os corpos – ou para sempre...
Ele colocou a mão na boca como se fosse vomitar e então saiu correndo na minha frente, evitando olhar para trás; Olhei para o final da floresta, era possível ver fumaça no horizonte, alem das terras desoladas e dos animais mortos; eu vi que estava meio longe para chegar em minha cidade antes da tempestade, então perguntei para Nigel.
-Como vocês chegaram aqui? Vocês estavam dentro de uma gaiola, e os canibais não iriam arrastar ela até aqui.
-Ah, nós viemos em uma carroça.
-Onde ela está? – disse impaciente.
-Calma, ela está logo ali – ele apontou para o meio da floresta.
Comecei a andar na direção apontada até chegarmos a uma velha carroça, com um cavalo marrom-aveludado preso a ela; Desamarrei o cavalo e montei nele, então Nigel me olhou e perguntou.
-E meu lugar?
-Você, vai a pé.
-O que? – Ele perguntou, mesmo sabendo o que isso significava.
-Prefere ficar aqui e ser pego por outros Canibais?
-Pensando bem, acho que preciso mesmo de uns exercícios.
Então seguimos em direção a cidade, A Tempestade estava bem próxima, mas ainda duraria algumas horas para cair, e era tempo suficiente para chegarmos a Alteria. Eu esperava encontrar tudo como era antes de eu ter partido, mas pelo que havia visto, muito haveria mudado.
Algumas horas depois estávamos nós aproximando da cidade, mas de longe pude ver que nada estava igual; As fazendas que rodeavam a cidade estavam todas arruinadas, e algumas casas estavam em chamas, mas, me surpreendi quando cheguei à cidade; As ruas estavam banhadas a sangue, com corpos mutilados e carcaças penduras nos telhados, haviam algumas pessoas em loja próxima, mas quando me aproximei vi que elas estavam brigando por um simples pedaço de pão; Tudo estava destruído, as casas estavam quase caindo, e, o palácio da Ordem estava totalmente destruído, suas paredes estavam desbotadas e as torres haviam ido ao chão, mas, a estatua do Juiz que ficava na praça em frente ao templo estava intacto, como se não tivesse se passado nenhum dia desde que eu estivera ali para ser banido. Desci do cavalo e corri até minha casa, eu ainda tinha esperanças de que estaria tudo bem, eu com certeza era muito tolo de imaginar isso, pois como temia, minha casa estava totalmente destruída; a porta estava aberta, então entrei para ver o que havia mudado na minha ausência; Meu espanto foi grande, pois quando entrei, a casa estava vazio, como se ninguém morasse ali há muito tempo; Tombei de joelhos no chão, tentando entender para onde Evelyn poderia ter ido, mas nada se passava por minha cabeça no momento; Nigel se aproximou e botou à mão em meu ombro, então ele perguntou.
-Aqui era sua casa?
-Sim, era...
-Bom, mas levaram apenas os moveis, com um pouco de trabalho ainda pra reconstruir e...
Então me levantei e gritei como ele.
-Não estou preocupado com os moveis! Estou preocupado com minha mulher, e com meu filho!Você não entende? Eles eram tudo que importavam para mim! E agora Sumiram!
Então vi alguém correr para fora da casa, saindo pelo corredor; Eu gritei.
-Ei você aí! Pare!
Eu corri atrás dele, ele estava indo em direção ao templo; Ele passou correndo por uma das portas, e quase que metade da fachada desmoronou, estava obvio que era perigoso entrar ali, mas eu precisava de respostas, e aquele homem estava em minha casa. Ele passou por vários corredores e escombros de paredes subindo algumas escadas e passando por dentro de algumas salas, até que olhou para trás para ver se eu ainda estava o seguindo e quando se virou de novo acertou em cheio a parede no final do corredor; Aproximei-me e ele tentou escapar, então o agarrei pelo pescoço, e imediatamente reconheci seu rosto, era o mesmo homem que havia me acusado de assassinato, e ele estava dentro de minha casa, ele com certeza sabia de alguma coisa, então eu o levantei um pouco mais e ele disse.
-Vo... Você? Mas como?
-Surpreso em me ver não?
-Olha, eu só estava seguindo o procedimento, não era culpa minha que você matou...
Então o Bati contra a parede e falei, com raiva.
-Eu não o Matei! Mas, agora que você tocou no assunto...
Ele me olhou confuso, então o arrastei ate um dos vitrais do corredor, o joguei no vitral e o segurei com metade de seu corpo para fora, ele então começou a gritar.
-Calma! Calma cara! Eu não fiz nada, foi Dominik! Foi ele! Ele era o Gran mestre! Ele nós mandou condená-lo!
-Eu nunca o havia visto antes na ordem, quando você entrou?
Eu o ameacei empurrando mais um pouco de seu corpo pelo vitral, e então ele desesperado começou a falar.
-Eu entrei no dia em que você foi preso, Dominik me botou dentro, eu já estava querendo entrar faz tempo, mas não podia por que eu já havia roubado alguns cavalos quando era criança... Olha cara, me levanta, a gente tá a três andares do chão! Me levanta! – ele gritava desesperado.
Então o tirei da janela e o coloquei em pé de novo, ele então me disse.
-Muito obrigado, eu sabia que você não ia fazer isso, então, sem ressentimentos?
Eu então o coloquei de novo na janela e lhe disse.
-Por sua causa eu passei sete anos preso, por sua causa, eu não pude mais falar com minha mulher, e – eu o coloquei mais para fora da janela, por um fio de cair – por sua causa, eu não pude ver meu filho crescer... E, você ainda acha que eu o deixarei sair impune dessa?
Ele então começou a gritar de medo, eu queria muito jogá-lo pelo vitral, mas, eu não podia quebrar o código dos Cavaleiros, então eu o joguei no chão do corredor, peguei o medalhão, e lhe disse.
-Prepare se para seu julgamento...
Ele então começou a rastejar para trás, e eu então lhe disse.
-Por Conspirar contra um membro da Ordem: Culpado.
-Por mentir durante um Julgamento: Culpado.
Ele estava tentando fugir, então pisei em sua armadura para segura-lo, então disse.
-E por, negociar seu cargo na Ordem, e entrar ilegalmente... Culpado.
-Não... Por favor, me dê outra chance...
Eu então me aproximei e disse com a voz baixa.
-Você deveria ter pensado nisso, antes de ter me causado este problema.
Fiquei em pé na Frente dele com a balança na mão e disse.
-Seu destino está nas mãos da justiça agora.
A balança então pendeu para o lado esquerdo, eu apenas o olhei e disse.
-Culpado.
Ele tentou se levantar e o joguei contra a parede, daí eu peguei minha espada e o joguei no chão; Levantei minha espada, e ele então gritou. A Espada então desceu em seu peito. Nesse momento Nigel chegou ao corredor onde eu estava; eu retirei a espada do corpo enquanto ele se aproximava, então ele me olhou e perguntou.
-O que aconteceu?
Guardei minha espada, então o olhei e disse.
-Eu o declarei culpado.
Segui então para a saída do palácio, atravessando os corredores escuros, que agora tinham grande parte de suas paredes derrubadas; Nigel então me seguiu, estava totalmente confuso com meu ato, mas, pelo menos, eu já sabia em quem eu descontaria toda minha fúria...
4º Capitulo - Velhos Amigos
- Spoiler:
“Dominik, meu melhor amigo, havia conspirado contra mim, e eu ainda não sabia o porquê, aquele cavaleiro que havia me condenado, havia me dito isso; eu não sabia se o aquilo era verdade, mas de algum modo iria descobrir, e se fosse verdade, ele sentiria minha ira...”
A chuva já havia começado a cair, mais ainda estávamos longe do lago Telük, que era para onde estávamos seguindo; eu estava agora à procura de Dominik, mas não fazia idéia de onde poderia encontrá-lo, então eu precisaria de informações, e, também alguma ajuda para encontrar minha esposa. O lago Telük era um vilarejo menor que Altera, e muito menor, mas por sorte havia um templo da Ordem presente no local; com um pouco de sorte eu acharia alguns cavaleiros sobreviventes. A chuva havia começado a engrossar, então Nigel me perguntou.
-Não podemos parar para procurar abrigo?
A chuva então se transformou na tempestade que eu esperava, e era perigoso tentar prosseguir por causa dos trovões. Olhei a minha volta em busca de algum lugar para se abrigar, então vi, não muito longe, uma pequena cabana abandonada; Apontei em sua direção e disse.
-Vamos parar lá.
Corremos então na direção do casebre; havia algo estranho com aquele lugar, era como se algo quisesse que eu fosse para lá. Ao chegarmos, vimos que o local era suficiente para esperarmos a tempestade passar. Estávamos então “presos” ali, e, eu não conseguia tirar da cabeça o que aquele homem havia me dito, por que Dominik havia me feito aquilo? Então Nigel falou.
-Posso lhe fazer uma pergunta?
Eu respondi friamente.
-Não.
-Porque você matou aquele cara, lá no templo?
-Minha resposta não foi clara o suficiente?
Ele então ficou me olhando, esperando a resposta, e eu então tive que dizer a verdade a ele.
-Ele foi um dos que conspiraram contra mim.
-Como assim?
-O Gran mestre foi assassinado, e alguém botou a culpa em mim.
-Ah, entendo... Você foi acusado injustamente.
-Sim, mas, talvez seja melhor não lhe contar como irei acabar com isso.
-Há quanto tempo isso aconteceu?
-Sete anos.
-E onde você esteve durante todo esse tempo?
-Eu fui banido para o Abismo.
-Como? Eu nem sabia que eles podiam fazer isso.
-Você não faz a menor idéia, dos horrores que acontecem por lá...
-Eu já ouvi algumas historias.
-Acredite, as historias, não retratam metade do medo, que é estar lá...
-Ok, eu acredito em você.
-Nigel, tenho uma pergunta para você.
-Pode falar.
-Você disse que havia sido condenado pela ordem, mas, para onde eles o mandaram?
-Bom, eles me levaram para o norte, eu tive muita sorte de não pegar a Marca das Trevas – ele mostrou a palma das mãos – mas não fiquei lá por muito tempo, passei cerca de três messes em uma prisão, e então, quando ela foi saqueada por ladrões, eles nos levaram como comida, mas a cada duas, três semanas chegavam outro grupo de ladrões, matavam os anteriores e levavam tudo, inclusive a gente.
-Deve ter sido difícil para você.
-Pelo o que você acabou de me contar Derek, foi muito pior para você. Então... Já que estamos “pondo as cartas na mesa”... Diga-me: Como era a sua família?
Apenas o olhei com os olhos semicerrados, e ele imediatamente entendeu que eu não gostava de comentar aquilo. As palavras de Evelyn ainda estavam em minha cabeça, mas mesmo as repetindo o tempo todo, os pesadelos ainda voltavam para me assombrar. Após alguns minutos Nigel se virou e começou a dormir, mas infelizmente eu não conseguia fazer o mesmo; a noite foi longa, e nada a fazia passar mais rápido, até o momento que eu acabei por dormir, e, como temia, eles me aguardavam...
Aquele homem me aguardava, ele estava ao lado do corpo de Evelyn de novo, e, havia uma criança atrás dele; Eu avancei em sua direção e ele brandiu uma espada, por alguns instantes nós apenas nos encaramos, então ele deu uma risada arrepiante, e começou a falar.
-Não pensei que o encontraria de novo.
-Você devia começar a implorar perdão á mim.
Ele deu outra risada, e me respondeu, ainda rindo.
-Você acha que tenho medo de você? Você deveria tremer apenas por saber a quem sirvo...
Saquei uma espada também e a apontei em sua direção. Então tudo se escureceu, e eu ouvi uma voz, que deveria ser a de Evelyn me chamando, mas, eu não conseguia ver La. Logo após isso eu acordei, a tempestade já havia cessado, e o sol surgia no horizonte. Nesse momento percebi que Nigel não estava no local, ele com certeza havia fugido enquanto eu dormia, mas, de repente ele surgiu pela porta com uma maçã na mão direita e outra na esquerda, ele então deu uma mordida em uma das maçãs e me jogou a outra dizendo.
-Bom dia, eu peguei algumas maçãs.
Agarrei a maçã no ar, eu não estava com fome, mas aparentemente Nigel estava, então lhe joguei a maçã. Ele a agarrou e então me disse.
-Tem certeza que não quer?
-Não, eu não estou com fome.
-Eu estou – ele deu outra mordida na maçã – já faz dois dias que eu não como.
Ele então se sentou e guardou a outra maçã no bolso de seu casaco. Ele deu mais uma mordida na maçã e me perguntou.
-Para onde vamos?
-Iremos para o lago Telük, encontrar alguns velhos amigos, e talvez conseguir algumas informações, após isso, eu não tenho certeza...
Nigel deu outra mordida na maçã e concordou com a cabeça; O lago Telük estava a poucos quilômetros daqui, e não iria ser uma viagem tão demorada, mas eu temia que a ponte do lago houvesse sido destruída pela chuva, se isso acontecesse seriam mais três dias até dermos a volta e chegarmos à cidade. Eu então me levantei e disse para Nigel se apressar, pois já estávamos de partida.
Estávamos próximos á cidade, faltava pouco, já estávamos quase chegando às florestas proibidas, lar de antigas criaturas e seres mitológicos; Tínhamos quer ser cuidadosos pois a estrada era perigosa, e nem eu tinha certeza se poderíamos encontrar algo para o qual não estivéssemos preparados. Nigel então me perguntou.
-Quem você pretende encontrar em Telük?
-Um velho amigo meu, eu não o vejo há... Nove, dez anos, mas talvez ele ainda se lembre de mim.
-E se ele não se lembrar?
-Bom, então teremos problemas...
Já estávamos entrando na floresta, e já era possível ouvir os grunhidos e outros sons das criaturas, mas com um pouco de sorte elas não tentariam nos matar. Nigel se aproximou de mim e então me perguntou, olhando em todas as direções.
-Derek, você tem certeza que esse é o caminho certo?
-Absoluta, eu já passei por aqui centenas de vezes, mas a floresta estava um pouco menor na época.
-Quando foi isso?
-Há dez anos.
Ouvi passos, então murmurei para Nigel se aproximar. Havia alguém nos observando, eu notei isso quando entramos na floresta, mas eu não tinha certeza. Eu não tinha certeza agora de outra coisa: eu estava começando a ouvir uma voz, a mesma voz que eu ouvira no sonho, e ela me chamava, pelo meio da floresta; comecei a andar em direção da voz, como se estivesse em um transe, e então Nigel notou, e me puxou para trás.
-A voz... A voz está me chamando – eu disse, quase que hipnotizado.
Nigel olhou então para os lados, e me puxou de novo, então ele me disse.
-Derek, não tem nenhuma voz, é tudo uma armadilha.
Eu não prestei atenção ao que ele dizia, tudo o que me importava era saber de quem era a voz; então Nigel me acertou com uma pedra e eu caí no chão. Ele então jogou a pedra e se aproximou de mim.
-Você está bem?
Eu estava desorientado, mas consegui ficar de pé, então eu olhei para o local de onde eu estava escutando a voz, ela havia parado, e, eu não podia ter certeza se era uma alucinação ou se alguém realmente estava me chamando. Nigel então assoviou para chamar minha atenção, e começou a indicar com a cabeça que tínhamos que continuar. Andamos por quase uma hora pela floresta, e eu ainda podia ouvir passos de alguém atrás de nos... Subitamente Nigel parou e começou a olhar uma pedra que havia próxima a uma arvore, foi só quando me aproximei que vi que não se tratava de uma pedra, e sim de um ovo, um ovo de alguma criatura da floresta, ou pior.
-Olha isso – ele pegou o ovo nos braços – incrível, um ovo, aqui no meio da floresta.
-Eu deixaria isso aí se fosse você.
-Ah, pare com isso, com certeza esse deve ser um ovo muito especial.
-O que você acha que deve ter ai dentro?
-Não sei, quem sabe um dragão.
-Dragão? Você realmente acredita que aí dentro tem um dragão? – começamos a andar pela trilha novamente.
-Você não acredita em dragões?
-Não, sabe por quê? Por que isso é apenas uma lenda.
-Que seja, você não acredita, eu sim, eu vou levar esse ovo comigo.
Ouvimos então um enorme rugido, e eu sabia o que aquilo significava; Nigel então me olhou, e perguntou.
-Derek, O que foi isso?
-Nigel, apenas corra.
Dito isso saí correndo pela trilha, e Nigel então me seguiu; havia uma criatura atrás de nos, melhor dizendo, uma não, varias delas; Na correria eu vi que Nigel estava certo, as vozes eram apenas uma armadilha, feita pelos espíritos da floresta, que não gostavam de intrusos, e infelizmente nos éramos os intrusos. Ao olhar para trás pude vê-los, criaturas com formas humanas, mas com rostos de animais, correndo em nossa direção, com a intenção de matar-nos. Após muito tempo, nos finalmente saímos da floresta, e Nigel ainda estava com o ovo nos braços, eu tinha certeza que ele não ia desgrudar do ovo por nada, e havia um motivo por trás disso, os dragões nunca foram vistos, apenas um homem já jurou ter os encontrado, mas, ele foi decretado como insano e os dragões passaram a serem apenas lendas, mas, se alguma pessoa achasse um dragão de verdade, ela com certeza ficaria muito rica e famosa, e, esse era a intenção verdadeira de Nigel. Pelo menos a corrida não havia sido em vão, havíamos nos adiantado, e já estávamos na ponte do lago Telük, agora só bastava encontrar os cavaleiros, antes que eles me encontrassem...
-Como você acha que ele será? – disse Nigel ainda olhando o ovo.
-Ainda com essa historia? Eu já lhe falei, esse é apenas um ovo comum.
-Não é o que eu penso.
-Que seja, agora nos precisamos achar o templo.
A cidade de Telük estava idêntica a Altera, os prédios estavam destruídos e as ruas banhadas a sangue, com ossos e cadáveres pendurados, mas, ainda assim haviam mais pessoas ali do que em minha cidade, talvez eles tivessem fugido de altera quando os ladrões chegaram. O templo estava destruído completamente, ninguém poderia ainda estar lá dentro, pelo menos viva; Os cavaleiros deviam ter achado outro lugar para ir, mas então seria um grande problema para nos os encontrarmos.
-Nigel, precisamos de informações para encontramos os cavaleiros.
-Tudo bem, então, qual é o grande plano?
-Não faço idéia.
Logo um homem encapuzado chegou até mim e disse.
-Eu acho que conheço esse incrível senso de direção, em Derek?
-Olá Howard, você ainda não me perdoou por causa daquele acidente?
-E, “foi apenas um pequeno atalho com mais de três dias de duração”, não?
-Ah, é bom te ver de novo amigo – ele então me deu um abraço – já faz tempo, não?
-Realmente, faz... Deixe-me ver... Nove anos?
-Dez.
-Bom, mas o que o trás por aqui?
-Estou em busca dos cavaleiros.
Pude notar por sua expressão que ele estava surpreso com o que eu disse, e também algumas pessoas que estavam na rua nos olharam quando eu falei. Ele então olhou para os lados, e foi para uma porta de madeira, ele nós chamou para o acompanharmos, como se tivéssemos que nos esconder para conversar. A sala onde estávamos era muito escura, com varias estantes cheias de livros empoeirados, mas ainda assim era um lugar muito confortável de se ficar; Howard sentou-se em uma cadeira de madeira que estava no centro da sala, então ele deu um suspiro, me olhou com uma expressão de certo pavor e me perguntou com a mão na boca.
-Por quê? Por que você os está procurando? Eu achei que você tivesse sido expulso há sete anos.
-Então você já sabe?
-Todo mundo já sabe, as noticias “voaram” para todos os cantos quando você foi preso. O que? Acha que não haveria impacto? O maior guerreiro da ordem sendo condenado de assassinato?
-Para onde eles foram?
-Olha Derek, eu não o aconselharia a procurá-los, você tem que entender que depois que você se foi, quase tudo mudou.
-Como assim?
-Os cavaleiros não são mais os mesmos, depois que Dominik assumiu o posto de Gran mestre, ele mandou os cavaleiros dizimarem o norte por causa da Marca das trevas, então eles entraram em guerra com o continente de Fa-amush, que por sua vez entrou em guerra com Lamunis, e por assim foi até que sobrou o que você vê por aqui.
-Então, e tudo culpa de Dominik?
-Creio que em parte seja, mas os cavaleiros sumiram há algumas semanas atrás, não sabemos o porquê.
-Howard, muito obrigado pelas informações, mas tenho uma ultima pergunta, você viu minha esposa?
-Derek, olha, você tem que entender que...
-Apenas me responda, onde ela está.
-Derek, ela está morta.
Última edição por LuizGS em Sex 30 Abr 2010, 11:13 pm, editado 8 vez(es)